uxemburgo valoriza jogo, mas quer volta das vitórias: "Tem que se incomodar"
Treinador diz que 4 a 4 foi um grande jogo, mas identifica problemas na equipe: "Se eu falar que está tudo bem, vocês dirão que sou maluco"
Por Bruno Cassucci
19/09/2023 00h32
O Corinthians empatou por 4 a 4 contra o Grêmio, na Neo Química Arena, em jogo remarcado da 15ª rodada do Brasileirão
Na noite de segunda-feira, Vanderlei Luxemburgo iniciou a entrevista coletiva valorizando o nível de emoção da partida, mas depois admitiu que a falta de resultados positivos tem sido um problema.
– Foi a primeira que tomou quatro gols aqui, mas foi a primeira vez que teve um 4 a 4 também. A lembrança que vai ficar é que foi um grande jogo. Eu queria sair vencedor, Se ganhássemos, você diria que foi um grande jogo – afirmou.
– Mas não tenha dúvida que estou incomodado (com a falta de vitórias), se não estiver incomodado tem alguma coisa errada. Temos que entrar para ganhar Tem que incomodar a mim e aos jogadores, incomodar todo mundo para podermos avançar. Quando estávamos invictos há 11 jogos, as perguntas eram de invencibilidade. Está incomodando, tem que incomodar. Quando não estava ganhando e venceu o Atlo-MG, ali tivemos uma virada. Então, tem que incomodar – afirmou.
– Tínhamos um time que era mais reativo. Agora botamos o time mais proativo, jogando no campo do adversário. Jogando assim, vai ser mais vulnerável. Quando pega o terceiro do campeonato, vai tomar gols. Foi um jogo muito aberto, claro que não gostaria que acontecesse (os gols), queria fazer quatro e não tomar nenhum. Mas eles têm qualidade também, é um time difícil de ser marcado.
– Se queremos buscar alguma coisa, temos que jogar a equipe mais em cima do adversário, principalmente em casa. Temos que ter cuidado porque temos um meio de toque de bola. Se entrarmos para intensidade, ficamos no prejuízo. Tem que mastigar a bola, girar para a direita, esquerda, como saiu o quarto gol. Isso precisamos fazer, até porque o nosso time tem essa qualidade.
O resultado levou o Corinthians a 27 pontos, ainda na 14ª colocação do Campeonato Brasileiro.
– Tivemos um empate contra o Inter que incomodou bastante. E a posição, se eu falar pra vocês que está tudo bem, vocês vão falar que esse cara está maluco – destacou.
Veja mais trechos da coletiva:
O jogo
– Primeiro que temos salientar que foi um grande jogo, as duas equipes buscaram ganhar, não tiveram preocupação de só se defender. Foi um jogo de cinco contra cinco praticamente, vertical o tempo todinho, um jogo que nós gostamos no futebol brasileiro.
Defesa do Corinthians
– Antigamente vocês falavam que era a defesa, só nossos zagueiros. Gol você toma como equipe, não quero falar no campeonato, vou falar da proposta de ficarmos mais vulneráveis em função de buscar o resultado, o gol. Agora não tem mais um jogo em casa, um jogo fora, é 14, 13, 12, 11 (rodadas)... Vamos ter que nos expor e vamos sofrer. Precisamos de equilíbrio. Nossa marcação não vai ser de intensidade, vai ser de posse de bola. Se tivermos 65% de posse, vamos ter que marcar só em 35% do tempo. Temos jogadores de qualidade no meio de campo.
Vaias na escalação
– Eu não vi, estava dentro do jogo, não percebi, não dá pra perceber. Já fui vaiado, chamado de burro, meu nome é Luxemburgo, se trocar o G pelo R fica Luxemburro. Não vou comentar o que não vi.
Lado esquerdo vulnerável
– Tem acontecido isso, precisamos procurar que a equipe pare de sofrer, contra o At-MG teve dois gols que saíram pelo lado do campo. A gente tem que corrigir, é uma situação que não acontece de hoje, temos uma fragilidade quando eles fazem 2x1, 3x2 do lado do campo. Já tentamos fazer isso algumas vezes na proposta de jogar com três zagueiros para marcar mais o lado de campo, é uma coisa que a gente pode pensar.
Reação
– Não foi desatenção, foi um pouco de fragilidade. Se deixar um time com qualidade tocar a bola, vai lá na cara do gol, foi o que aconteceu. No intervalo, falei vamos ser mais compactos, mais firmes, mais próximos, eles tocaram a bola e conseguiram virar, a gente conseguiu reagir. Lógico que é ruim sair atrás, mas a reação do time foi uma coisa boa.
Wesley ou Pedro?
– Quando eu botei lá atrás, me pediram que tinha que fazer uma troca. É uma coisa natural, a gente sabe o que está fazendo no dia a dia. Você vai ver essa coisa da juventude, o jovem alterna. Wesley teve lances que a jogada dele foi boa, mas teve lances que ele poderia tocar e receber de uma forma melhor. As decisões são equivocadas de um e de outro, temos que fazer um revezamento para não ir queimando. Se botar um garoto de 18 anos e ir mal mal mal. Ele não pode ficar marcado pelas bolas que perdeu. Tem que preservar. Se errar, errar, errar, vai ficar marcado, tenho que segurar ele.
Oscilação de Moscardo
– Moscardo é um excelente jogador, mas vai fazer isso, tenho que ter a tranquilidade para tirar. Agora imagina fazer isso numa competição como o Brasileiro. Aí vem porrada em cima da gente, pergunta por que fez isso e não aquilo? Eu não posso queimar ativo do clube, eles têm potencial para serem vendidos, dar uma grana boa. Toma um gol aqui com erro de jogador e o Corinthians fica numa confusão danada, ele vai ficar marcado para sempre. Se o jogador erra, tenho que dar moral para ele, mas tirar se ele errar. Se vocês forem pegar, a nível de meio-campo... eu encontrei Paulinho, ele machucou, ai veio Roni... você vê quantas experiências foram até o Moscardo. De tudo o que aconteceu, foi legal encontrar o Moscardo, mas o pior foi a perda do Paulinho. Um cara que eu trouxe de meia para trás, com uma condição boa física, roubada de bola para começar o jogo, sustentar o meio. Aí apareceu o Moscardo, é um trabalho que estamos fazendo. É duro cara, eu sei que a pancada viria em cima de mim. Eu sabia que seria assim, mas não imaginava que seria tanto assim.
Rojas
– Ele é um jogador que tem muito mais para dar pelo que vimos ele jogar. Ele vinha num jogo bom na estreia, tomou aquela pancada contra o Bahia que deixou ele fora de sintonia e de jogo um tempão. Os jogadores têm que saber como o Matias gosta de receber a bola, a hora que ele abre, aquela bola pifada...Tudo isso vão encontrar, a tendência dele é evoluir, o que tenho que resolver é que não podemos fazer quatro e tomar quatro. Matias vai ser muito melhor do que tem sido, vai ajudar muito.
Giuliano e Renato
– Giuliano deixou de ser um meia ofensivo para jogar como meia e até volante. Não adianta querer que ele fique lá na frente, agora vindo de frente para o gol... Se você pegar o gol, ele recebe de frente para o gol. Temos que identificar o time. Tenho que entender que tenho que aproveitar o Renato, tenho que montar a equipe para que ele possa fluir bem. Mas não posso ficar tomando gol. Tenho tentado fazer isso ha bastante tempo.
– Renato ficou ali cinco minutos, falei que foi? Ele disse "foi cansaço mesmo". A proposta nossa não é para verticalizar o jogo, não temos a juventude e a intensidade. Temos qualidade de meio de campo, preciso que essa qualidade aflore e jogue o adversário para trás. Se for intensidade, vamos ter que correr para trás toda hora, isso vai desgastar o jogador como Renato. Temos que mudar e fazer com que flua de maneira diferente.
Pressão
– Sou o técnico do Corinthians, e o Corinthians não está bem, não tenho dúvida que vai vir para cima de mim. Desde sempre é assim no Brasil. Quando cheguei em 1998 para disputar o campeonato que ganhamos, a torcida foi em Atibaia. É o Corinthians, cara. Se não estiver ganhando, vão fazer pressão. Agora, se ganharmos, vão gritar Luxemburgo. Eu não gostaria que fosse dessa forma, mas o técnico brasileiro hoje só tem uma única chance: ganhar. Se não ganhar, ele está perdido