26 de set. de 2013



Diretoria do Corinthians estranha discrepância de punições no STJD

Criciúma, julgado pelo mesmo problema causado por torcedores do Corinthians, não perdeu mandos e teve apenas 10% da multa imposta ao Alvinegro. Clube ainda cita caso de brigas



LANCEPRESS! - 26/09/2013 - 11:30

Criciúma x Corinthians, dia 4 de agosto. Torcedores do Tigre soltam sinalizadores, árbitro para a partida por cerca de cinco minutos e relata problema na súmula. Julgado pelo STJD, clube catarinense é multado em R$ 10 mil, sem perda de mandos.

Luverdense (MT) x Corinthians, dia 21 de agosto. Torcedores do Corinthians soltam sinalizadores, árbitro para a partida e relata problema na súmula. Julgado pelo STJD, clube paulista é multado em R$ 100 mil, além de perder dois mandos de campo.

Os dois casos acima, com discrepância de punições impostas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva apesar do mesmo problema, causa estranheza à diretoria do Timão. Após a partida contra o Grêmio, o diretor de futebol Roberto de Andrade não escondeu sua indignação com a situação.

O dirigente aproveitou para lembrar que houve diferença de tratamento do STJD no caso da briga de torcedores, que causou perda de quatro mandos ao clube no Brasileirão.

- Eu acho que a punição existe, as regras estão aí. Mas outros clubes tiveram o mesmo problema e não houve punição. Houve briga Goiás x São Paulo, não houve? O jogo criciúma teve sinalizador, não teve? Achamos estranho, são dois pesos e duas medidas. Contra o Corinthians a mão é de ferro, contra os outros a mão é de pena. Aí é chato. Mas se tiver de cumprir, vamos cumprir sem problema algum - afirmou Roberto de Andrade, deixando no ar a possibilidade de o clube estar sendo prejudicado nos bastidores.

Além da briga nas partidas Vasco x Corinthians e Goiás x São Paulo, houve confusão em jogos do Grêmio na Arena, além de uma agressão de são-paulinos a um flamenguista antes do confronto entre as equipes em Brasília.

Corinthians vê perseguição nos tribunais e impunidade dos rivais

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Gustavo Franceschini
Na última terça, o Corinthians recebeu sua terceira punição no ano e pode ter de jogar a reta final da Copa do Brasil longe do Pacaembu. Com rivais impunes, cresce na diretoria do clube do Parque São Jorge um sentimento de perseguição, ainda que ninguém fale abertamente sobre isso.
'Teve sinalizadores em Criciúma e não houve punição. É isso que a gente acha estranho. Contra o Corinthians a mão é de ferro, contra os outros a mão é de pena. Aí é chato. Mas se tiver de cumprir, vamos cumprir sem problema algum', arriscou-se Roberto de Andrade, diretor de futebol, após o 0 a 0 contra o Grêmio.
O episódio em Criciúma a que ele se refere tem a ver justamente com a punição sofrida pelo clube na última terça. Em primeira instância, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiu tirar dois mandos de campo do Corinthians na Copa do Brasil pelo fato de torcedores do clube terem usado sinalizadores na partida de ida contra o Luverdense, nas oitavas.
Na ocasião, o árbitro do jogo chegou a paralisar o confronto em seus minutos finais até que o artefato fosse apagado. A decisão ainda permite recurso, mas se for mantida fará com que o Corinthians eventualmente jogue a semi e a final da Copa do Brasil longe de casa.
Para o clube, o problema é que cerca de duas antes, o Corinthians tinha jogado em Criciúma pelo Campeonato Brasileiro. No fim daquele jogo, os torcedores locais também acenderam sinalizadores e, com isso, forçaram o juiz a paralisar a partida. O time catarinense foi levado ao tribunal, mas teve de pagar a modesta multa de R$ 10 mil.
A discrepância nos julgamentos irrita o corpo jurídico do Corinthians, que não descarta incluir esse argumento em seu recurso. O maior problema, no entanto, é que não foi a primeira vez que isso ocorreu em 2013.
Por conta do conflito entre corintianos e vascaínos nas arquibancadas do estádio Mané Garrincha, em Brasília, os dois clubes perderam quatro mandos de campo no Brasileiro. A briga em questão tomou parte da arquibancada do estádio e assustou famílias que estavam presentes, mas não teve nenhum ferido grave.
Uma semana antes, flamenguistas e são-paulinos brigaram na frente do mesmo estádio antes de uma partida pelo Campeonato Brasileiro. Um torcedor do time carioca foi agredido e fraturou a mandíbula. O ataque foi filmado e repetido por emissoras de televisão no dia seguinte. Nenhum dos dois clubes, porém, foi levado ao tribunal.
No dia do julgamento do recurso de Corinthians e Vasco, advogados da dupla levantaram a questão. Um dos juízes respondeu que o caso de São Paulo e Flamengo não foi denunciado porque ocorreu nas cercanias do estádio, e não dentro dele, o que eximia o STJD de responsabilidade sobre o assunto.
No primeiro semestre, a queixa foi a mesma. Por conta do incidente que vitimou o jovem Kevin Espada, de 14 anos, o Corinthians teve de jogar uma partida com portões fechados. O clube foi punido pelo tribunal da Conmebol porque sua torcida usou sinalizadores no estádio, e não por conta da morte do jovem boliviano.
O problema é que, no mesmo jogo entre Corinthians e San Jose, em que a tragédia ocorreu, torcedores locais usaram querosene para escrever com fogo no alambrado do estádio. Semanas depois, um torcedor do Newell's Old Boys sofreu afundamento do crânio após ter sido apedrejado antes de um jogo contra o Olimpia, no Paraguai.
Nenhum dos dois clubes foram punidos Caio Rocha, presidente do tribunal da Conmebol, chegou a admitir que o caso do Corinthians foi tratado como exceção. 'O clube não pode ser responsabilizado pela morte, mas os resultados são distintos. Alguém disparou um rojão, mas como era o rojão? Feriu alguém? Se você for tratar situações distintas de forma igual, vai cometer injustiça. Aquele julgamento do Corinthians levou em consideração as circunstâncias do caso', disse ele, à época.