30 de set. de 2013

29/09/2013 21h50

Ônibus do Timão é cercado por torcedores; Sheik é o mais hostilizado

Em Campo Grande, policiais precisaram intervir contra cerca de 15 corinthianos mais exaltados; Tite é poupado nos xingamentos

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O Corinthians deixou o estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, após a goleada por 4 a 0 sofrida para a Portuguesa, neste domingo, sob protestos. Cerca de 15 torcedores organizados cercaram o ônibus da delegação na saída. A Força Tática local agiu e avançou com dois carros sobre os corintianos. Um deles chegou a chutar o veículo diversas vezes antes de ser impedido pela Polícia Militar. Os atacantes Emerson e Romarinho foram os mais cobrados.
Sob os gritos de “Vocês estão f*!” e “Tem de ser homem para jogar no Coringão”, os atletas ouviram diversos tipos de xingamentos. O técnico Tite não foi questionado em nenhum momento. As cobranças se iniciaram já na arquibancada do estádio, onde, após o Timão sofrer o segundo gol, ainda no primeiro tempo, alguns torcedores começaram a fazer cobranças. A equipe não vence há quase um mês no Brasileirão, e o policiamento precisou ser reforçado também no hotel onde a delegação está hospedada, em Campo Grande.
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policiamento hotel Corinthians derrota (Foto: Rodrigo Faber)Policiamento foi reforçado no hotel do Corinthians em Campo Grande (Foto: Rodrigo Faber)
 
 
A torcida do Corinthians encerrou a "lua de mel" com a equipe após a derrota por 2 a 1 para o Goiás, há duas semanas, no estádio do Pacaembu. As cobranças tímidas de alguns alvinegros se transformaram em ameaças constantes. Membros de torcidas organizadas chegaram a esperar no CT o ônibus da equipe após a derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta, mas logo se dispersaram.
Para evitar qualquer tipo de violência, os responsáveis pelo futebol do Corinthians decidiram conversar com os líderes das uniformizadas na presença de alguns jogadores, e asseguraram que os portões do centro de treinamento estão abertos a eles para diálogos saudáveis.
A volta da delegação nesta segunda-feira para a cidade de São Paulo poderá ser turbulenta. Como não bateu a Portuguesa, o Corinthians completará um mês sem vitórias na próxima terça-feira. A equipe não atuará no Pacaembu em outubro, por conta de punição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Ainda assim, os jogadores não acreditam que será positivo se afastar da pressão a troco de atuar em Mogi Mirim.
- A torcida do Corinthians pode fazer coisas que não gostamos às vezes, mas durante os 90 minutos ela é fundamental. Independentemente de pressão, só temos a perder jogando longe do Pacaembu - afirmou o lateral Alessandro
Torcedores do Corinthians protestam (Foto: Rodrigo Faber)Torcedores do Corinthians protestam  em Campo Grande, e segurança é reforçada (Foto: Rodrigo Faber)
 
 
29 de Setembro de 2013

Jogadores poupam Tite de entrevista e asseguram emprego do técnico

​Durante quase uma hora, os vestiários usados pelo Corinthians no estádio Morenão ficaram trancados. Quando foram abertos, não foi Tite quem saiu. Emerson e Alessandro apareceram para dar entrevista coletiva no lugar do técnico, avisando que essa foi a decisão do elenco, com eles mesmos informando que o chefe continua no clube, apesar da goleada da Portuguesa e os oito jogos sem vitória.
“Os atletas pediram ao treinador para vir conversar. Pedimos para vir conversar com vocês deixando-o fora por um motivo simples: é hora de os atletas campeões do mundo, da Libertadores e brasileiros botarem a cara e assumir a responsabilidade. Entendemos que a responsabilidade é de todos, mas quem entra para jogar são os jogadores”, informou Emerson.
 
O único dirigente que acompanhou a delegação corintiana em Campo Grande foi o gerente de futebol Edu Gaspar, e ele esteve presente na quase uma hora de vestiários fechados, protegidos por um segurança do clube logo após a vexatória atuação deste domingo. Mas, em nenhum momento, Tite deixou o cargo à disposição. Foi o que assegurou Emerson.

“Não acredito nem que isso tenha passado pela cabeça dele. Essa possibilidade não existe, em nenhum momento existiu e tampouco passou pela nossa cabeça. Pelo menos, em nenhum momento ouvi um suspiro ou sussurro sobre isso”, comentou o atacante, defendendo intensamente o técnico.

“Ele é o nosso treinador, o nosso líder que nos deu cinco títulos. Temos carinho e respeito pelo profissional e pela pessoa que ele é”, prosseguiu o camisa 11. Tite, inclusive, recebeu apoio da torcida presente em Campo Grande (MS) antes do apito inicial, retribuindo aos gritos dando um beijo no escudo corintiano que tem em seu uniforme.
A presença de Sheik e Alessandro na entrevista coletiva é para tirar a culpa até dos dirigentes. “O torcedor tem o direito de cobrar, entendemos que estamos em dívida. Nos últimos dois, três anos, o Corinthians teve títulos importantes para a história do clube, se fortaleceu, e a diretoria teve a competência de manter o grupo de 2011 e parte do 2012, além de contratar novos jogadores”, lembrou Emerson.

“É o momento de os atletas virem a público e assumir a sua responsabilidade. Este grupo é vencedor e já provou isso, mas é o momento de ter grandeza para vir à imprensa reconhecer que não está legal e pode melhorar”, insistiu o atacante, que foi capitão do Timão na vergonhosa apresentação deste domingo