"O livro é eterno", diz fotógrafo do Corinthians sobre obra com imagens do Mundial
08 de Fevereiro de 2013 às 18:42
Crédito:Divulgação
Obra relembra em imagens título corintiano
Nos últimos cinco anos, a vida do fotógrafo Daniel Augusto Júnior se transformou junto com o Corinthians. Para quem acreditou no projeto do time que lutava para voltar à primeira divisão do campeonato brasileiro, os seis livros publicados com imagens do clube são o resultado de um trabalho que gerou vitórias dentro e fora de campo.
Neste período, o fotógrafo foi os ‘olhos’ da Fiel torcida, retratando os bastidores e os momentos de redenção do time do povo que não só reconquistou seu lugar no Brasil, como também brilhou na conquista de títulos internacionais como a Libertadores da América e o bicampeonato Mundial.
Daniel Augusto acaba de lançar o sexto livro sobre o Corinthians. Em “Bicampeão do mundo”, o fotógrafo retrata a trajetória da equipe alvinegra no Mundial de Clubes da FIFA no Japão.
À IMPRENSA, o fotógrafo do Corinthians fala sobre a obra e seu trabalho inédito e diferenciado no clube paulista.
2012 foi um ano de muito trabalho e conquistas no lado profissional. Como analisa isso?
Daniel Augusto Júnior - O Corinthians ter ganho a Libertadores, e da forma como foi, invicta, teve sim um sabor especial. E em uma opinião bem pessoal, foi bom até para a auto-estima, de acabar com aquele estigma de nunca haver vencido, principalmente depois da catástrofe contra o Tolima no ano passado (2011). Foi diferente.
Trabalhar nos bastidores de uma campanha campeã dá uma visão diferente sobre as conquistas do Corinthians? Como isso influencia nas suas fotos?
Não sei se uma visão diferente, mas ser visto em 2013 como o "time a ser batido" é uma sensação boa, e cria também uma enorme responsabilidade para o time. Quanto às fotos, a procura por uma imagem diferenciada continua sendo o grande mote. Tentar levar para o torcedor a emoção que eu estou sentindo no momento do "click" é o grande desafio sempre. As atividades são praticamente as mesmas, o que torna o desafio ainda maior.
Você enfrentou problemas para fazer a cobertura no Japão com relação ao acesso ao time no campo? Como foi driblar isso e garantir boas imagens?
A organização da FIFA é muito rígida, mas organizada. Na verdade, o único momento do "drible" veio na final contra o Chelsea. Os repórteres fotográficos têm três tipos de credenciamento: um crachá que mostra que você está no evento; um colete laranja, que o identifica como repórter fotográfico, e uma credencial menor, colocada à vista no colete, que determina o banco onde você deve ficar sentado, localizado nos escanteios e na lateral contrária aos bancos de reserva e você não pode sair desse banco. Nós, repórteres fotográficos, preferencialmente, ficamos no ataque do time para mostrar o momento do gol, a comemoração. Como não se pode mudar de lado no intervalo, eu teria que, fatalmente, ter ficado no ataque do Chelsea no segundo tempo; e dessa maneira, eu não teria aquela foto linda do Paolo Guerrero comemorando nosso gol. Mas aí, entra o "drible" ou o famoso e famigerado "jeitinho brasileiro". Eu achei o fotógrafo do Chelsea e num macarrônico inglês, propuz a ele que trocássemos de lugar. Ele me olhou meio sem jeito, não acreditando na oferta, mas trocou. Ainda bem!
Qual o segredo para passar a emoção daquele momento da vitória de um título tão importante?
De verdade? Não dá para sentir. Você tem que trabalhar tanto em meio a tantos profissionais do mundo todo, que não dá para sentir muita coisa, porque o trabalho é quase insano na procura de um bom posicionamento. Quando o grupo todo comemorava - jogadores, comissão técnica, dirigentes - meu posicionamento era ruim e eu não sabia se havia feito a foto sempre emblemática do capitão Alessandro erguendo a taça. E isso ficava todo o tempo me martelando. Quando os jogadores saíram para dar a volta olímpica com a taça, foi um corre-corre enorme atrás de uma foto, de um contingente enorme de repórteres fotográficos. Em dado momento, o Paulinho sai da comemoração em grupo e vem me cumprimentar. Eu, quase sem pernas de tanto correr, peço que ele traga o Alessandro, com a taça, porque eu precisava fazer uma foto dele.
Eu sabia que meu trabalho na comemoração oficial não tinha ficado bom. De repente, naquela confusão, vem o Alessandro com a taça na minha direção. E põe a taça na minha frente para eu beijar. Eu beijei - momento magnífico eternizado pelo amigo Sérgio Barzaghi, e que está no livro na minha página pessoal - mas continuava gritando para ele se afastar um pouco para eu tentar fazer uma boa imagem. Nesse momento, numa mistura de emoção, cansaço e descarga de adrenalina, minhas pernas faltaram,
Fonte: Portal Imprensa