17 de abr. de 2012

Corinthians  pode ter jogos com Boca por título continental no polo.




Está praticamente certo: Corinthians e Boca Juniors irão se enfrentar em 2012, em jogos de ida e volta, valendo troféu continental. Mas no polo a cavalo. Enquanto os dois populares clubes de futebol cobiçam a Copa Libertadores da América nesta temporada, seus times de uma modalidade que ainda não tem o mesmo apelo entre os torcedores já começaram a organizar um encontro paralelo.
'É até engraçado você falar para mim sobre ganhar uma Libertadores no polo', sorriu Felipe Rodrigues, idealizador do Corinthians Polo Team, quando a obsessão corintiana foi abordada em conversa com a GE.Net. 'Depois que assinei contrato com o Corinthians, no final do ano passado, viajei para a Argentina para treinar, jogar e comprar cavalos. Lá, conheci o pessoal do Boca Juniors, que montou um time de polo só para partidas de exibição. Na mesma hora, tive a ideia de fazer um evento com eles', contou.


A iniciativa de Felipe foi bem aceita pelos jogadores do Boca Juniors, que se mostraram bastante dispostos a viabilizar um torneio com partidas no Brasil e na Argentina. 'Imagine que loucura será isso!', empolgou-se Gustavo Rocha, corintiano fanático e mais um atleta da equipe de polo paulistana. 'Nunca passou pela minha cabeça que, um dia, eu poderia defender o meu time de coração. Um jogo desses, então, não dá nem para imaginar como seria. As torcidas certamente ficarão sabendo e farão a maior festa.'
Felipe, que jogou futsal pelo Corinthians na infância e ainda costuma frequentar as cadeiras numeradas do Pacaembu para torcer no futebol, chega a arregalar os olhos ao fazer planos para os confrontos com o Boca Juniors. 'Desde moleque, eu me sinto completamente doente pelo Corinthians. Sou sócio do clube. Fazer um gol no polo e correr para a Fiel para comemorar seria a realização de um sonho de criança', afirmou.
Um desses atletas não federados compete pelo Boca, mas muita gente já o viu. Trata-se do centroavante aposentado de futebol Gabriel Batistuta, que luta contra as sequelas das graves lesões sofridas ao longo de sua carreira para se dedicar ao hobby de jogar polo. Com ele e até com Adolfo Cambiaso (apontado pela crítica especializada como o melhor atleta da modalidade de todos os tempos) às vezes em campo, o Boca Juniors passou a colecionar conquistas em duelos beneficentes no esporte a cavalo, inclusive contra o grande rival River Plate.
Para os atletas do Corinthians Polo Team, disputar clássicos como fez o Boca Juniors colaboraria com o crescimento da modalidade no Brasil. 'Acho viável que outros clubes sigam o nosso exemplo e criem seus times de polo. É um esporte bonito, que encanta. Com a rivalidade do futebol, teríamos partidas ainda mais acirradas. O polo já envolve muito contato físico entre animais e jogadores. Em um Corinthians contra São Paulo, então...', previu Felipe, pronto para a pressão por vitória em um eventual Majestoso. 'Frequento estádios de futebol e sei como funciona. Já xinguei muito quando foi necessário, ainda mais em jogos de Libertadores, mas passei a entender um pouco o que se passa nas cabeças dos jogadores depois de também virar atleta.'
Manager e principal jogador do Corinthians Polo Team, Calão Mello torcia por um rival corintiano no futebol, porém já virou casaca a ponto de observar falta de iniciativa de outros times: 'Eles vão esperar para ver o que acontecerá com a nossa equipe de polo. É isso que diferencia as pessoas pioneiras. Elas não aguardam. Quando enxergam uma situação, colocam a sua munição no caminho e vão em frente. Talvez São Paulo, Palmeiras, Santos e outros formem seus elencos de polo no futuro. Mas, quando isso acontecer, o Corinthians já estará muito mais estruturado e envolvido com o esporte'.
Fonte: Gazeta Esportiva




Corinthians enfrenta rótulo de ?playboy? para popularizar o polo

Calão Mello, Gustavo Rocha, Euphly Jalles e Felipe Rodrigues formam a base do Corinthians Polo Team
Calão Mello, Gustavo Rocha, Euphly Jalles e Felipe Rodrigues formam a base do Corinthians Polo Team
Crédito da imagem: Helder Júnior/Gazeta Press
'E ainda falam que o nosso esporte é de playboy', resmungou Felipe Rodrigues, do alto de seu cavalo, às vésperas das primeiras apresentações do recém-formado time de polo do Corinthians. Como um jogador de futebol que encanta a torcida ao dar um carrinho para evitar uma saída de bola ou mancha o uniforme de sangue e continua em campo, ele havia contrariado as recomendações de médicos e amigos naquela manhã. Decidiu voltar a montar duas semanas depois de fraturar quatro costelas, consequência de um choque com uma árvore durante treinamento de sua equipe.
Para não cair do cavalo também no projeto que acaba de lançar, Felipe conta justamente com a garra que caracteriza a maioria dos ídolos do Corinthians. Ele tem 29 anos, é empresário do ramo imobiliário e teve a ideia de associar o polo ao 'time do povo' para popularizar um esporte geralmente atribuído à elite. 'Dizem que só aristocratas bilionários podem jogar. Isso é mentira. Na Argentina, a maior potência do polo, não é assim que funciona. Com o Corinthians, podemos acabar com esse rótulo no Brasil e ainda deixar um legado para as próximas gerações de jogadores', discursou.

A empolgação com que Felipe Rodrigues fala do polo também foi utilizada para convencer Luis Paulo Rosenberg (vice-presidente do Corinthians; diretor de marketing na época) a apostar em sua iniciativa, no final do ano passado. O dirigente já havia investido em esportes inusitados como futebol americano, futebol de areia, maratona aquática, automobilismo e até MMA (artes marciais mistas). 'Fale com o Rosenberg! Fale com o Rosenberg!', esbravejou o então presidente corintiano Andrés Sanchez, quando foi procurado e recebeu a proposta para inovar em outra modalidade.
'Com toda a sua genialidade e visão de longo prazo, o Rosenberg prontamente abraçou a criação do nosso time de polo', contou Felipe. 'O profissionalismo do departamento de marketing do Corinthians é impressionante. Sou corintiano e tenho muito orgulho de torcer por um time que virou uma empresa, a maior marca esportiva da América Latina. Sem me deixar levar pelo lado emocional, posso dizer que era o único clube brasileiro preparado para receber uma iniciativa como a nossa. Estamos contando com todo o respaldo possível por parte da diretoria', acrescentou.
Não foi sem motivo que Calão acabou escolhido para ser jogador e exercer a função de manager do time corintiano. Entre outros negócios, o veterano mantém uma escola de polo na Sociedade Hípica Paulista, e um dos seus quase 40 alunos é Felipe Rodrigues. 'Mesmo dentro de um clube fechado, a nossa escola vem se estruturando cada vez mais e está aberta a todos aqueles que tenham curiosidade e interesse pelo polo. Muitos podem se apaixonar pelo esporte e seguir uma história de sucesso como a do meu colega Felipe', enalteceu o professor, que passou a contar com o sócio e amigo Gustavo Rocha (outro que tinha dúvidas em relação ao vínculo com um clube de futebol) como mais um companheiro de equipe no Corinthians.
A escola mantida pelos dois representantes corintianos é mais um argumento para os jogadores de polo contestarem o rótulo de 'playboys'. 'Para fazer o curso na Hípica Paulista, você não precisa comprar seu cavalo nem o material. Tudo é cedido pelo Calão e pelo Gustavo. Ou seja, não há um investimento inicial tão alto nem o custo de manter um animal. O polo é muito mais acessível do que a maioria das pessoas pensa. Não sou milionário, estou muito longe disso, e consigo me dedicar ao esporte. Com paixão, tudo é possível na vida', garantiu Felipe. 'Vamos acabar com o mito de que polo é algo inatingível', complementou Gustavo Rocha.
'Mas é como Fórmula 1, iatismo ou motovelocidade. Nossos equipamentos são os cavalos e precisamos de uma estrutura para mantê-los. Seria como ter uma equipe de carros da Stock Car', equiparou Felipe, que já possui o seu time de polo para fazer a comparação. Assim como ocorreu quando o Corinthians entrou na Stock Car, através do Corinthians Racing Team, o nome escolhido para representar 'o clube mais brasileiro' (como prega o hino oficial corintiano) no esporte a cavalo também é em inglês, algo comum no polo: Corinthians Polo Team.
Apesar das altas despesas do esporte, o Corinthians não gastará nada para manter o seu polo team. O clube cederá sua marca para quase 100 produtos licenciados da modalidade, que serão vendidos nas lojas Poderoso Timão. 'O lucro disso será destinado ao Corinthians Polo Team. Acima de um determinado valor, que estipulamos para definir os custos da equipe, as receitas passam a ser partilhadas', afirmou Felipe. 'Mas, mais importante do que dinheiro, é receber o maior ativo do Corinthians: a sua estrutura de marketing. Isso vale mais do que qualquer captação externa. A prova é de que estamos com todas as cotas de patrocínio praticamente fechadas', complementou o empresário.
Para o time de polo permanecer em evidência e prorrogar a licença de três anos que tem para explorar a imagem do Corinthians, Felipe Rodrigues sabe da importância de atrair a atenção dos torcedores - de todas as classes. 'Nossos jogos serão transmitidos pela TV Corinthians e ainda estamos em negociação com um canal de televisão fechada. Vamos despertar o interesse da população, com certeza. Muitos valores do brasileiro serão mostrados: o homem do campo, o gol, o escudo do Corinthians...', disse. O otimismo anima o companheiro Gustavo Rocha, que se incomoda com a desinformação sobre o seu esporte. 'Quando falo que sou jogador de polo, muitas pessoas acham que é polo aquático. Amigos, inclusive. Aí, tenho que explicar que é a cavalo, com tacos, que também tem gol.' Ele conseguiu ser ainda mais didático: 'É como se fosse um futebol a cavalo'.
O Corinthians Polo Team já conseguiu, ao menos, mexer com os torcedores que têm familiaridade com equitação ou hipismo. Na manhã em que treinavam na Sociedade Hípica Paulista, com Felipe Rodrigues contundido, os jogadores corintianos foram assediados por alguns amigos e curiosos. 'Vai, Corinthians!', gritou alguém que passava por ali. 'Pô! Foram jogar justo pelo Corinthians!', chiou outro homem, bem-humorado. Dentro do campo de 275 metros de comprimento e 150 metros de largura (o de futebol costuma ter 100 m por 64 m), Calão se preocupava em registrar para um fotógrafo as jogadas e poses características do polo. 'Devemos transmitir a veracidade do nosso esporte para quem não conhece.'
Os cavalos do Corinthians Polo Team não são os primeiros a 'representar' o clube do Parque São Jorge.
No início da década de 1950, o jóquei Olavo Rosa montou o animal argentino Gualicho e foi bicampeão do Grande Prêmio Brasil de turfe, no Rio de Janeiro, e também do Grande Prêmio São Paulo.
Como Luizinho, Cláudio e Baltazar faziam bastante sucesso pelo Corinthians no mesmo período, a associação com o turfe foi inevitável para os torcedores. 'Dá-lhe, Gualicho!', acostumou-se a gritar o público corintiano, como forma de incentivo à equipe de futebol.
O Corinthians precisa também obter bons resultados no polo para assegurar o sucesso do projeto e a popularização da modalidade. Os primeiros jogos foram considerados satisfatórios. O time de baixo handicap estreou com vitória por 5 a 4 sobre o Santa Rita, na semana passada, porém acabou eliminado na semifinal da Copa Vogue ao ganhar mais uma partida e perder outra. Teve como algoz a equipe Invernada, que alcançou o placar de 7 a 6 na prorrogação, no último domingo. Já o Corinthians Polo Team de médio handicap debutará na Copa Andrea Moroni, em Indaiatuba (SP), no próximo dia 28.
Em virtude das costelas fraturadas, Felipe Rodrigues não esteve em campo nas primeiras partidas do Corinthians. Sua vontade de jogar foi contida pela prudência dos companheiros mais experientes. Não faltarão oportunidades, contudo, para ele estrear o seu taco com extremidade alvinegra. 'Todo mundo está querendo um taco desses', sorriu o jogador, que tem 20 torneios de baixo e médio handicaps pela frente em 2012. 'Todas as equipes começam com um time de baixo handicap, montam o de médio depois de quatro ou cinco temporadas e esperam outras quatro ou cinco para fazer o de alto, se é que conseguem. Mas o Corinthians, pela força que tem, nasceu com times de baixo e médio handicaps. Queremos fazer história e disputar os campeonatos de alto já no ano que vem. Não seria legal?', perguntou. Seria uma tacada e tanto, sem dúvida.
Fonte: Gazeta Esportiva

MVP em jogo de príncipe, destaque corinthiano

Destaque do Corinthians Polo Team, Calão Mello jogou com príncipe Harry e ganhou prêmio
Destaque do Corinthians Polo Team, Calão Mello jogou com príncipe Harry e ganhou prêmio
Crédito da imagem: Djalma Vassão/Gazeta Press
Quando ganhou aval para formar uma equipe de polo do Corinthians, o empresário Felipe Rodrigues queria ter ao seu lado apenas jogadores que torcessem pelo clube alvinegro. 'Achei importante pelo fato de os corintianos mais fanáticos reconhecerem as tradições do escudo e da torcida', contou. Ele não conseguiria abrir mão, no entanto, de contar com o experiente Calão Mello em sua equipe.
Manager e principal atleta do Corinthians Polo Team - apesar de já ter simpatizado com um rival da capital paulista -, Calão é professor de polo de Felipe, foi capitão da Seleção Brasileira em três Mundiais e treinador no vice-campeonato conquistado na última edição do torneio, em 2011. Um dos feitos mais recentes do veterano comprova a sua importância para o esporte no Brasil: acabou eleito o melhor jogador na partida que o príncipe Harry, o terceiro na linhagem sucessória do trono britânico, disputou no interior de São Paulo no mês passado.
'Pelé do polo' conquista barras bravas e serve de exemplo
Em 11 de março, o príncipe Harry esteve no Haras Larissa para disputar um amistoso de polo contra amigos do argentino Nacho Figueras, um dos jogadores mais renomados da modalidade atualmente. O evento serviu para arrecadar fundos para a Sentebale, instituição beneficente fundada pelo jovem inglês para ajudar crianças de Lesoto (território independente situado na África do Sul).
Convidado para atuar no mesmo time do príncipe, Calão Mello sentiu-se lisonjeado. 'Foi muito legal, ainda mais por ter visto que ele é uma pessoa bem simples. Mais do que ter sido o MVP daquele jogo, uma conquista que vou levar comigo na memória, achei importante participar em função da causa nobre que o príncipe Harry promoveu', comentou o jogador do Corinthians.
Durante a partida, Harry também ficou um pouco mais íntimo dos demais jogadores ao gritar bastante em busca da vitória. 'Ele estava bem engajado, brigando por cada jogada, tentando organizar o time. Foi um prazer tê-lo como companheiro', elogiou Calão, sem disfarçar que o britânico ainda precisa evoluir no polo. 'O que você achou da atuação dele?', desconversou, repassando essa pergunta para um amigo. 'Digamos que foi mais ou menos, não é?', brincou em seguida.
Com esse bom humor, Calão terá facilidade para se entrosar também entre corintianos. 'Ele foi o MVP no jogo do príncipe! Precisamos dizer mais alguma coisa? Mesmo não jogando com eles, tive o prazer de estar ao lado do Harry, já que almoçamos muito próximos naquele dia. É uma pessoa com uma luz incrível, que faz um belo trabalho social', enalteceu Felipe Rodrigues, abrindo-se a torcedores de outros clubes que tenham uma postura semelhante. 'Jamais restringiria o Corinthians Polo Team a alguém que não fosse corintiano, desde que essa pessoa compartilhasse os nossos valores.'
No discurso, Calão Mello já comprovou que pode se adequar aos preceitos corintianos. 'Vou defender o brasão do Corinthians no polo com toda a minha energia, paixão e comprometimento dentro e fora de campo. O importante é lembrar que somos Corinthians Polo Team, um produto novo. E, neste, eu sou corintiano roxo', bradou, lembrando que defenderia o distintivo de qualquer time de futebol 'com um trabalho tão bacana quanto o do Felipe Rodrigues'.
Nas aulas que teve com Calão Mello, Felipe Rodrigues já captou muito dessa paixão do veterano de 38 anos pelo polo. O atleta corintiano só não entendeu ainda como um torcedor de determinado time de futebol consegue defender um clube rival. 'Eu, jogando polo no São Paulo ou no Palmeiras? Não, não, não! Para mim, seria impossível. Não consigo nem imaginar um negócio desses. Respeito as outras instituições, mas não dá para mim', sorriu.
Fonte: Gazeta Esportiva