27 de abr. de 2010

27/04/2010 - 07h02

 

27/04/2010 - 07h02

Em ano festivo, Pacaembu corre risco de ficar sem Corinthians e subutilizado

Luiza Oliveira



O Pacaembu completa 70 anos com o status de ser o estádio mais tradicional e democrático de São Paulo. Mas no ano de uma comemoração tão emblemática, pode perder seu frequentador mais assíduo (o Corinthians) e corre o risco de virar um 'elefante branco'.

A cúpula do Parque São Jorge está dividida entre investir na reforma já prevista para o estádio ou na construção de um novo palco para seus jogos, o que deve ser definido até setembro deste ano. A diretoria já tem ao menos oito projetos em mãos a serem analisados para a criação de uma nova arena, opção preferida pelo presidente Andrés Sanchez.

Nos últimos 70 anos estádios maiores e mais modernos surgiram no país, mas poucos conseguiram se adequar tão bem aos novos tempos e foram palcos de tantos acontecimentos históricos para o futebol como o Pacaembu.Desde a sua inauguração em 27 de abril de 1940, foram muitas jogadas bonitas, goleadas e títulos. Mas também houve o emocionado adeus de um craque, as derrotas e eliminações inesquecíveis e momentos ainda mais tristes marcados pelas brigas entre torcidas, conflitos com a polícia e até com jogadores.

O diretor de equipamentos da Secretaria Municipal de Esportes e ex-diretor do Pacaembu, Alessio Gamberini, admitiu que a ausência do Corinthians pode atrapalhar os planos da prefeitura. “Seguramente ficaria com pouca utilização, já que o seu uso mais forte é o do futebol profissional, principalmente do Corinthians. Caso o clube não faça parte da reforma, as ideias terão que ser revistas.”

O Pacaembu ainda não foi descartado e é defendido pelo diretor de marketing alvinegro Luís Paulo Rosenberg. O Corinthians propôs reformar o estádio por R$ 100 milhões, mas a prefeitura de São Paulo idealizou uma modernização que custaria em torno de R$ 250 milhões e o transformaria em uma arena multiuso. Já está sendo criada uma comissão especial para tratar do assunto.

De acordo com Gamberini, o Corinthians entraria como o ‘time âncora’ e teria direito a camarotes (entre outros benefícios) em função do alto investimento no negócio, com valores ainda a serem definidos. O clube, no entanto, já disse de prontidão que não tem condições de arcar com o montante total.

O Corinthians aceitaria pagar os R$100 milhões inicialmente propostos para ficar com os lucros exclusivamente do futebol. Todos os outros eventos como shows ficariam a cargo da prefeitura ou de uma empresa gestora.

Mas além da indefinição dentro da própria diretoria do clube, há outros fatores que dificultam a relação com o Pacaembu. Além de ser um patrimônio tombado e haver várias restrições para que as características históricas sejam mantidas, a associação dos moradores do bairro cria empecilhos contra a realização de shows, que seriam uma das principais fontes de renda da nova arena.

Pessoas ligadas à SP Turismo não acreditam que a parceria vá se concretizar. Elas alegam que para o Corinthians assumir o controle do estádio seria necessário abrir uma licitação, já que os outros clubes da capital têm o mesmo direito.

Por todos esses motivos, a prefeitura já trabalha com a hipótese de ficar sem o maior parceiro. No momento, a saída imediata seria apostar nos jogos de outros times, mesmo que ‘esporádicos’.

“Antes de 18 ou 24 meses ninguém constrói um estádio. Até lá o Corinthians vai usando.